domingo, novembro 26, 2006


Faro

Como nasceram as nossas cinco cidades I


Faro
Não se sabe ao certo qual a data da sua fundação. Poém, afirma-se ter sido edificada sobre as ruínas da antiga "Ossónoba".

Durante muitos anos foi um dos mais importantes feudos mouriscos.
Em 1249, após dura batalha, caiu em poder de D.Afonso III, " O Bolonhês", que assim pôs o remate à luta pela expansão territorial que se vinha travando desde D. Afonso Henriques. Mas os muçulmanos nãos se resignaram. De novo a consquistaram e só veio a ficar definitivamente em poder dos cristãos, no reinado de D. Afonso III, que mandaria reconstruir a cidade e lhe concederia o primeiro foral D. João I e D. Manuel outorgar-lhe-iam novas regalias e privilégios.
A parte antiga circundada pelas muralhas, que ainda hoje existem, é servida por três portas - Porta da cidade(Arco da vila), Porta do Mar e Arco de Repouso.

In Algarve Ilustrado

as quatro estaçoes :o outono

... não sei, no entanto, que estação é esta
na alma. Talvez uma indecisa nostalgia
provoque o regresso das tardes solitárias
de frio e chuva; e um luto de sol
se instale na superficie dos dedos, impedindo o curso do verso.
É como se abrisse a janela, e me debruçasse para um lago
de névoa, onde apenas se ouvisse o ruído
monótono dos remos na incansável tarefa;
e uma voz me chamasse de dentro, distraindo-me
desse tempo que se aproxima, com o declínio das aves,
com a lucidez nos lábios,
e um sentimento que insiste,sem se ver.

Nuno Júdice

domingo, novembro 19, 2006

usos e costumes

A grei algarvia, pertence ao tipo escuro da População nacional. A cor não lhe apetece.Veste negro sem garridice. De tamancos de ourelo(cloques) chapeirão negro, homens e mulheres, (que a carapuça só na serra se usa), no seu trabalho do mar ou da terra, consertando as redes, ajeitando, numa tecelagem singela, alcofas, golpelhas, ceiras e chapéus com efeites de guarnições e de flores coloridas, ou espalmando as caracteristícas esteiras de empreita., a jovialidade nunca se traduz no rosto, e o seu falar cantado e contínuo, marca a soturnidade dos agarenos.Às devoções, ainda não libertas da superstição que os leva a imprecar a braveza do mar ou as suas ingratidões, não falta o influxo da moirama originária. Todo o Algarve está povoado de lendas. As moiras encantadas, ainda pernmanecem no fundo dos poços e nos adarves dos castelos, adstritas ao raiar das manhãs de S.João.
O mar é sempre um grande embalador de lendas e ecnatamentos.
O seu folclore é típico.
O Corridinho Algarvio, firmou-se no modernismo da rádio. As vendas e ajudas, as vigílias nocturnas, são danças, que possívelmente tomarão o mesmo caminho.

As suas feiras de Agosto a Outubro, não são já o que forão, mas, em compensação, têm outros ajuntamentos cheios de pitoresco: - as lotas, principalmente em Olhão e na Fuzeta, terras essencialmente piscatórias.
A Lota é um espectáculo cheio de interesse como a pesca do Atum (o copejo) que mantem e apura uma série de preceitos tradicionais.
E demais, o peixe e os mariscos, dádivas do mar ao Algarve em desafio com a terra que lhe oferece o figo, a amênndoa, a alfarroba e outros produtos do solo ubérrimo, constituem a grande riqueza da província a que deve juntar-se a doçaria onde a amêndoa, os ovos e o açucar se combinam para tentar os gulosos.
Os D.rodrigos e os morgados de lagos, as modelações de figo são goluseimas afamadas.
E no capítulo da culinária, ainda há a aconselhar a típica açorda de ameijoas e as célebres caracoladas que o algarvio não dispensa nas festas dos Santos Populares . Todas estas especialidades lá se encontram.

In Algarve Ilustrado /Junho 1968

sábado, novembro 18, 2006





















Fotos : hélia coelho

quarta-feira, novembro 15, 2006

Moiras num jardim ao anoitecer

Páro num largo ajardinado onde há um busto de bronze.
Entardece. No ar afogueado, as flores recortam-se nítidas e coloridas. Por um instante os ruidos cessam.Sequer o motor de um carro ao longe.
Suspensa, a vila inquieta-se na luz magoada e doce da noite que desce.Passam por mim mulheres sem nome, nem vida que eu conheça.Passam fugazes, leves, e nem lhes oiço o rumor do passo.Apenas corpos delgados, rostos de olhos negros, profundos.O mistério adensa-se com o cair da noite.Vem-me à lembrança a lenda das moiras encantadas, que ouvi quando jovem:longíqua e veemente, ressoa ainda a voz que implora de amor junto à cisterna:
- Cássima!...

Manuel da Fonseca in Crónicas Algarvias

A(contecer)

Interrompo a série de postagens sobre o Algarve passado, para vos dar de vaia algo presente no Algarve.

Estão a realizar-se no Algarve dois eventos de contos e narração oral.

Para quem nunca assistiu a uma sessão de contos aconselho vivamente que vá, porque de certeza sairá diferente...
Para quem é assíduo nestas coisas da arte de contar, não aconselho nada...porque falamos o mesmo dialecto oral - o de viver os contos dentro de nós.

Abro-vos apenas o postigo desta janela mágica das palavras, para que possam dar uma espreitadela aos contos, re(contados), en(cantados), re(encontrados) a sul, num chuvoso mas caloroso Novembro .
En(contos)
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar .Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar
Jorge Palma, 1979

Nos últimos anos, a narração oral como forma importante da transmissão oral de valores e saberes tem vindo a ressurgir no nosso país.
Além do trabalho realizado pelas inúmeras bibliotecas públicas, têm surgido por todo o Algarve várias associações a desenvolver trabalho nesta área, quer através da organização de sessões de contos, quer na formação de novos contadores, quer ainda na apresentação de oficinas diversas.
Com a finalidade de potenciar o trabalho em rede e de implementar sinergias entre os entre os diversos actores, surge esta proposta de um evento organizado em parceria por várias instituições.
PALAVRAS MÁGICAS

São as Palavras Mágicas que regressam à Biblioteca Municipal de Lagos, a nossa Casa de Partilha onde, pelo Outono, elas sopram num barlavento de contos desfiados por todos aqueles que acreditam na magia da palavra falada e escrita. Palavras Mágicas que falam do Homem e do Mundo, que nomeiam as imagens de nós, traduzem os nossos sonhos e medos, e habitam a memória do Tempo. São as Palavras Mágicas trazidas pelos contadores de histórias caminheiros numa maresia que fala Português.
Espreite: www.cm-lagos.pt

segunda-feira, novembro 13, 2006

os pescadores






In Algarve Ilustrado

quinta-feira, novembro 09, 2006

Terra de Pescadores

O algarve vive quase inteiramente do mar, e a sardinha é a sua principal riqueza
quando esta falta, o comercio não tem movimento, as padarias e a mercearias fazem receitas apenas nos livros de fiados, os cinemas funcionam com escasso público.
mas, quando os barcos vêm, após noites de luta, de lá de longe, de lá da barra, e despejam nas lotas ou nas praias o precioso tesouro arrancado do mar - o Algarve é um hino de alegria.
A pesca no Algarve realiza-se pelos mais diversos processos - desde armações fixas e cercos americanos, a traineiras e aparelhos avariados. Ao lado das mais modernas unidades pesqueiras, equipadas com câmaras frigoríficas, fazem-se ao mar o antigo barquinho nas caravelas dos descobrimentos. Só os velhos vapores foram postos à margem.
Mas a luta diária do pescador _ soldado da paz na luta contra a guerra da fome, dos seu filhos e dos filhos dos outros - não é travada apenas no mar. Começa em terra o calejar das mãos robustas.
In Algarve Ilustrado _ Junho 1968

quarta-feira, novembro 08, 2006

influências árabes





In Algarve Ilustrado

A Influência Árabe - Nos usos e costumes algarvios

Apesar do vendaval de renovação que sopra nos usos e costumes dos povos de todo o mundo, o Algarve mantém-se fiel, em muitos sectores, aos usos e costumes da civilização árabe.
A alvura do casario, as noras puxadas por burros de olhos vendados, as carrinhas conduzidas pelas montanheiras para levarem produtos agrícolas ao mercado. as "charrettes" para o transporte de passageiros endinheirados, as chaminés rendilhadas, os mirantes, as açoteias, os lenços sobre a cabeça usados pelas mulheres, os xailes, as feiras eo os mercados ao ar livre
- eis todo um mundo de hábitos mouros que o algarvio conserva despeito da influência de uma era industrial que ele já não desconhece através das gentes de todo o mundo que invadem as suas terras e as suas praias, ou através do cinema e da televisão.
Nas localidades onde a àgua canalizada continua a ser uma aspiração - ou onde existe, mas com carácter intermitente- os caçadores de imagens obtém flagrantes que acentuam sem dificuldade a influência mourisca...
In Algarve Ilustrado - Outubro 1968

terça-feira, novembro 07, 2006

São Marcos da Serra




















In Algarve Ilustrado, 1968

as árvores morrem em pé...



Fotos : Hélia Coelho

segunda-feira, novembro 06, 2006

S.Marcos da Serra

Ponto estratégico para o encurtamento das distâncias entre o algarve e Lisboa

aguarda ansiosamente a construção de novas estradas.

S. Marcos é uma freguesia rural do concelho de Silves, com belas paisagens e boas hortas, sendo atravessada em toda a sua extensão, pela Ribeira de Odelouca, que, nascendo próximo de Almodovar, vai desaguar no Rio Arade, entre Silves e Portimão.
tem esta povoação estado isolada por estrada do resto do país, mas actualmente já dispõe de uma bela estrada para Messines, por sinal muito boa. É pena que a continução da estrada de Messines para S. Marcos, ainda não seja começada para Santana da Serra, de que dista somente 19 Quilómetros, mas o seu estudo já está feito e entregue na repartição competente, devendo encurtar a distância entre o Algarve e Lisboa em cerca de 70 quilómetros.
Ainda temos outra estrada estudada do Alferce para S.Marcos, com continuação para Almodovar.
Também temos uma estrada projectada para a Nave Redonda, que dista desta povoação somente 12 quilómetros e que deverá ligar o Algarve com o Alentejo, Entre Monchique e Saboia, a qual esperamos seja iniciada em breve.
S. Marcos está num ponto estratégico, e com o tempo ainda vai ser uma grande povoação.

Álvaro Santinho Coelho, In Algarve Ilustrado, Novembro de 1968

Jogo das diferenças

Há anos que tenho um fascínio por Revistas e Jornais antigos. Lembro-me de passar horas a folhear as revistas dos meus tios, muitas vezes apenas para ver a publicidade daquilo que nunca conheci, ou então, a ler sobre locais e coisas que não vivi, porque sempre gostei de acompanhar a sua evolução.
É como brincar ao jogo das diferenças.
O passado e a sua comparação com o presente … fascinam-me!
Assim, as minhas próximas postagens no dar de vaia, mais não serão do que a partilha deste meu passatempo..

quinta-feira, novembro 02, 2006

dar de vaia