quinta-feira, junho 22, 2006
segunda-feira, junho 19, 2006
as cores da minha infância
São
brancos tons de candura
azuis de céu e mar
em paredes de pedra e cal aquecidas pelo sol
verdes frondosos e frescos de choupos e fetos reais
sugando correntes de ribeiras transparentes.
São
castanhos avermelhados em grés
laranjas crepusculares
desta terra de barro com odores intensos
de laranjeira em início de primavera
São
bejes de fim de ceifa
pó de farinha trigo moído
ramos secos de esteva ateados
em fornos de pão arduamente amassado.
Roxos de rosmaninho lilazes
confundidos entre amarelos fogo
de azedas em terrenos férteis...
São
secos verdes pegajosos
tons de rosa forte de estevão firme
no árido cinzento dos xistos.
são
multicolores de ouro e prata
brilho de taliscas talhadas
que se erguem nos montes até ao limite dos céus
as cores da minha infância
avisto-as nesta serra íngreme e profunda
numa dualidade de esquecimento
e vivamente com vida.
hjnc
brancos tons de candura
azuis de céu e mar
em paredes de pedra e cal aquecidas pelo sol
verdes frondosos e frescos de choupos e fetos reais
sugando correntes de ribeiras transparentes.
São
castanhos avermelhados em grés
laranjas crepusculares
desta terra de barro com odores intensos
de laranjeira em início de primavera
São
bejes de fim de ceifa
pó de farinha trigo moído
ramos secos de esteva ateados
em fornos de pão arduamente amassado.
Roxos de rosmaninho lilazes
confundidos entre amarelos fogo
de azedas em terrenos férteis...
São
secos verdes pegajosos
tons de rosa forte de estevão firme
no árido cinzento dos xistos.
são
multicolores de ouro e prata
brilho de taliscas talhadas
que se erguem nos montes até ao limite dos céus
as cores da minha infância
avisto-as nesta serra íngreme e profunda
numa dualidade de esquecimento
e vivamente com vida.
hjnc
sábado, junho 17, 2006
quarta-feira, junho 14, 2006
quinta-feira, junho 08, 2006
Serei
Serei de uma geração que não descansará mais sentada numa cadeira de tabúa sob uma alpendrada.
Serei de uma geração que não esperará mais o fim de tarde à sombra de uma branca parede caiada, com fachada ou platibanda a anil, a ocre, a verde e a azul.
Não serei de uma geração de construção de alvenaria, nem de tijoleira de Santa Catarina e muito menos de telha de barro moldado no joelho.
Não serei da geração dos telhados de caniço nem das chaminés rendilhadas,
esses materiais encontro nas memórias, fazem parte da minha identidade de cidadã de aldeias e espaços rurais e serranos.
Serei de uma geração em que o etnográfico se perde nas cores vivas do azulejo, que fazem lembrar as fachadas em azulejaria das ”Maisons”, que a duas gerações anterior à minha tanto criticou…
Serei de uma geração em que o alumínio se confundirá com os outros materiais das minhas recordações...
Serei de uma geração etnograficamente confusa, em que o betão armado confunde-se com ferro forjado, em que o tijolo confunde-se com alvenaria.
Serei de uma geração perdida entre o pisar de um mosaico brilhante e uma tijoleira purosa.
Serei de uma geração em que a beleza da arquitectura rural será ultrapassada pelo novo-riquismo, pelo requinte dos acrílicos…
Serei de uma geração que não esperará mais o fim de tarde à sombra de uma branca parede caiada, com fachada ou platibanda a anil, a ocre, a verde e a azul.
Não serei de uma geração de construção de alvenaria, nem de tijoleira de Santa Catarina e muito menos de telha de barro moldado no joelho.
Não serei da geração dos telhados de caniço nem das chaminés rendilhadas,
esses materiais encontro nas memórias, fazem parte da minha identidade de cidadã de aldeias e espaços rurais e serranos.
Serei de uma geração em que o etnográfico se perde nas cores vivas do azulejo, que fazem lembrar as fachadas em azulejaria das ”Maisons”, que a duas gerações anterior à minha tanto criticou…
Serei de uma geração em que o alumínio se confundirá com os outros materiais das minhas recordações...
Serei de uma geração etnograficamente confusa, em que o betão armado confunde-se com ferro forjado, em que o tijolo confunde-se com alvenaria.
Serei de uma geração perdida entre o pisar de um mosaico brilhante e uma tijoleira purosa.
Serei de uma geração em que a beleza da arquitectura rural será ultrapassada pelo novo-riquismo, pelo requinte dos acrílicos…
terça-feira, junho 06, 2006
Pólo museológico Condes de Alte - Biblioteca Cândido Guerreiro
Da Casa Hospício " Condes de Alte ", da sua construção, dos seus materiais nobres, da sua arquitectura de séc. XIV, pouco ou nada restou após o seu restauro. E é pena.
Pergunto quem permitiu um restauro assim? Quem permitiu a destruição de um edifício com este peso histórico? Mais de 6 séculos! O Edifício da Casa - Hospício talvez fosse um dos mais significativos do aglomerado tradicional da aldeia de Alte.
A quem devemos pedir explicações? Aos habitantes de Alte , aos algarvios, aos portugueses, aos autarcas, aos coordenadores do PROALgarve, ou ao senhor arquitecto que desenhou este projecto? Devíamos congratulá-lo pela sensibildade, pela forma airosa como conseguiu desenquadrar o edifício, pela forma astuta como conseguiu tansformar algo tradicional e com história, em algo completamente "modernaço" e um século "à frente" ,muito, mas muito " à frente ", como se aplica no calão de agora. Não podemos dizer, de todo, que não deixou obra. A sua obra ficará para sempre, principalmente no pensamento e no coração dos que chocou. Ficará para sempre presente naqueles que aniquilou sociologicamente... Bem Haja!!!