Moiras num jardim ao anoitecer
Páro num largo ajardinado onde há um busto de bronze.
Entardece. No ar afogueado, as flores recortam-se nítidas e coloridas. Por um instante os ruidos cessam.Sequer o motor de um carro ao longe.
Suspensa, a vila inquieta-se na luz magoada e doce da noite que desce.Passam por mim mulheres sem nome, nem vida que eu conheça.Passam fugazes, leves, e nem lhes oiço o rumor do passo.Apenas corpos delgados, rostos de olhos negros, profundos.O mistério adensa-se com o cair da noite.Vem-me à lembrança a lenda das moiras encantadas, que ouvi quando jovem:longíqua e veemente, ressoa ainda a voz que implora de amor junto à cisterna:
- Cássima!...
Manuel da Fonseca in Crónicas Algarvias
Entardece. No ar afogueado, as flores recortam-se nítidas e coloridas. Por um instante os ruidos cessam.Sequer o motor de um carro ao longe.
Suspensa, a vila inquieta-se na luz magoada e doce da noite que desce.Passam por mim mulheres sem nome, nem vida que eu conheça.Passam fugazes, leves, e nem lhes oiço o rumor do passo.Apenas corpos delgados, rostos de olhos negros, profundos.O mistério adensa-se com o cair da noite.Vem-me à lembrança a lenda das moiras encantadas, que ouvi quando jovem:longíqua e veemente, ressoa ainda a voz que implora de amor junto à cisterna:
- Cássima!...
Manuel da Fonseca in Crónicas Algarvias
1 Comments:
felicísima esta escolha de Manuel da Fonseca ... um alentejano que bem soube "olhar/amar" o Algarve e sobre ele escrever
e a lenda
fica.nos o encanto de a imaginar/recriar
um beijo ,miúda!
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